Goiás: Trabalhadores da SANEAGO se mobilizam contra o sucateamento da empresa

Está sendo implementado pelo governador Ronaldo Caiado um projeto de privatização da operação do esgoto sanitário do estado de Goiás que hoje é atendido de maneira pública pela SANEAGO na maioria dos munícipios goianos. Há um leilão marcado para o segundo semestre do ano que vem com o apoio do BNDES.


Publicado em: 12 de dezembro de 2024

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Da redação

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Nesta semana os trabalhadores da SANEAGO estão se mobilizando para impedir o total sucateamento da empresa por parte do Governador Ronaldo Caiado (União Brasil) e garantir condições de trabalho, além do cumprimento do ACT, do Plano de Carreira e impedir o processo de instauração de Parcerias Público Privadas no saneamento goiano. O movimento é liderado pelo STIUEG, sindicato que representa os trabalhadores da categoria e demonstra muita disposição para uma grande batalha contra a privatização da empresa.

A SANEAGO é uma das últimas estatais goianas de saneamento que ainda não foi totalmente entregue para os empresários brasileiros após a aprovação do Novo Marco Legal do Saneamento no Governo Bolsonaro. Ela atende 223 dos 246 munícipios do estado levando saneamento, com a maioria dos índices do SNIS – SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES DO SANEAMENTO – acima da média nacional. O que demonstra que a companhia, apesar de sua gestão que trabalha com uma visão de empresa privada, segue sendo uma promotora de políticas públicas de saneamento e avançado rumo a universalização do saneamento.

Nos últimos anos a empresa vem apresentando balanços econômicos robustos e lucrativos, entretanto esses números contrastam com a realidade observada pelos trabalhadores. Faltam condições mínimas de trabalho, como EPI e materiais para realizar as atividades. O Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) vigente não tem sido respeitado pela direção da empresa e tem diversos pontos não implementados. E ainda, os trabalhadores não são valorizados e têm seu plano de carreira descumprido. Além disso, a empresa não realiza concurso público há 5 anos, o que resulta na sobrecarga dos trabalhadores, que são submetidos às constantes cobranças por resultados que acabam por desencadear vários casos de assédio moral e adoecimento. Ao meesmo tempo aumenta a responsabilidade dos trabalhadores do saneamento goiano que não podem contar com a gestão da SANEAGO para garantir um bom serviço para a população. Essa situação parece ser uma preparação para a privatização da empresa como já aconteceu com a estatal de energia elétrica goiana, a antiga CELG, que foi sucateada e depois vendida para a ENEL e agora Equatorial.

Mesmo com essa situação adversa os trabalhadores da empresa continuam levando um serviço de excelência para a população e garantindo a implementação da politica pública para todos. Infelizmente essa não está sendo a realidade das companhias de saneamento privatizadas Brasil a dentro. Casos de empresas privatizadas, como a Águas do Rio, que deixou recentemente parte da população do Rio de Janeiro, por vários dias sem abastecimento, e do CEO da SABESP, que afirmou que após a privatização a empresa não vai mais realizar políticas públicas, deixam a população goiana ainda mais apreensiva.

Essa situação levou a direção do sindicato iniciar um grande movimento de luta no final de 2024 para garantir que a gestão cumpra com os compromissos assumidos no ACT e no Plano de Carreira, valorizando os profissionais para que eles consigam atender a sociedade e também contra o processo de Parcerias Público Privadas (PPPs) do Governo Caiado, que privatiza a SANEAGO. A mobilização desencadeou uma assembleia permanente onde os trabalhadores da empresa ficam em regime de assembleia até uma resposta da empresa às pautas apresentadas.

O caminho da luta e de resistência contra projetos neoliberais de entrega do nosso patrimônio estratégico tem que ser seguido por todos os movimentos sociais, partidos de esquerda e sindicatos do Brasil. O movimento das trabalhadoras e trabalhadores da SANEAGO precisa ser cercado de toda solidariedade dos trabalhadores brasileiros, já que luta contra a especulação do capital em um patrimônio fundamental para a vida humana que é o saneamento, a água e o meio ambiente. Não podemos aceitar que todo o nosso saneamento público seja privatizado.

Em colaboração com Igor Dias, diretor do STIUEG


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