Como as mudanças de política na Meta fortalecem Trump e a extrema-direita internacional?


Publicado em: 10 de janeiro de 2025

Mundo

Taís Roldão, de Campinas (SP)

Esquerda Online

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A Meta, dona do Instagram e do Facebook, anunciou nesta terça-feira (7) que está encerrando o seu programa de verificação de fatos, começando pelos Estados Unidos. O anúncio segue a sequência da reaproximação de Mark Zuckerberg – dono da empresa -, a Donald Trump, que assumirá um novo mandato como presidente dos EUA no próximo dia 20, eleição a qual o empresário aclama como “vitória da liberdade de expressão”.

No vídeo em que a notícia é anunciada, Zuckerberg informa que a Meta deixará de contar com jornalistas para passar a fazer uso de um sistema em que o conteúdo é revisado pelos próprios usuários, aos moldes do Twitter (ou o que alguém tentou chamar de “X”), plataforma que não coincidentemente pertence a outro grande apoiador da extrema-direita, Elon Musk.

O sistema do qual a Meta abriu mão é chamado de “verificadores de fatos”. A checagem de fake news em postagens não era feita pela equipe da Meta, mas sim por agências credenciadas junto à Rede Internacional de Verificação de Fatos (em inglês, International Fact-Checking Network — ou IFCN), uma entidade dedicada à checagem de fake news.

O sistema do qual a Meta abriu mão é chamado de “verificadores de fatos”. A checagem de fake news em postagens não era feita pela equipe da Meta, mas sim por agências credenciadas junto à Rede Internacional de Verificação de Fatos (em inglês, International Fact-Checking Network — ou IFCN), uma entidade dedicada à checagem de fake news.

O bilionário afirma em seu vídeo que muita coisa aconteceu ao longo dos últimos anos, com um grande debate sobre danos potenciais de conteúdos online, e com governos e mídias tradicionais pressionando por cada vez mais “censura”, e diz que muito disso é claramente político.

O que Zuckerberg chama de “político” foi a luta de viés democrático que se iniciou contra a extrema-direita nesse período. Para quem não lembra do caso envolvendo a empresa americana Cambridge Analytica e o Facebook, em 2018 um ex-funcionário da primeira empresa, Christopher Wylie, revelou ao Guardian que, em 2014, dois anos antes da eleição americana de 2016 e três anos antes do Brexit, se iniciou um esquema no qual a mesma coletou dados ilegalmente do Facebook (finjam surpresa), e que esses dados podem ter sido utilizados para influenciar em processos como o Brexit e as eleição de Trump em 2016.

Segundo a investigação dos jornais The Guardian e The New York Times, a Cambridge Analytica teria comprado acesso a dados de informações pessoais dos usuários do Facebook e utilizado esses dados para criar um sistema que permitiu identificar de forma prévia e influenciar as escolhas dos eleitores nas urnas.

A partir desse escândalo diversas iniciativas foram tomadas pelas plataformas em relação às políticas de privacidade e segurança. Se avançou no debate de direitos humanos, combate ao discurso de ódio, avanços esses que hoje o dono da Meta afirma atrapalhar a “democracia”.

Os mecanismos instaurados pela Meta e classificados como censura por Mark foram simplesmente de aviso e informação. O trabalho de checagem de fatos não removia ou censurava postagens, apenas adicionava aos posts informações sobre contextos que auxiliavam o combate de teorias conspiracionistas, informações controversas ou fake news. (mais…)


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