Óleo nas praias, greve na Petrobras e América Latina nas ruas


Publicado em: 24 de outubro de 2019

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Enquanto o óleo de origem ainda desconhecida atinge mais de 2100 quilômetros de litoral em nove estados do Nordeste, o governo Bolsonaro patina em oferecer respostas à altura da tragédia ambiental. A demora de mais de um mês para reagir ao aparecimento das primeiras manchas pode ser explicada pela ação de Bolsonaro de extinguir, em abril, o comitê que integrava o plano nacional para reagir a incidentes de poluição por óleo.

A Petrobras, apesar de reconhecidamente não ser responsável pela produção ou pelo vazamento do óleo, é a única dentre as dezenas de empresas petrolíferas que atuam no Brasil a estar colaborando para a contenção e minimização dos danos ambientais. Não trata-se de coincidência, mas sim da estrutura de uma empresa estatal para prevenção e remediação de desastres ambientais não encontrada em nenhuma das empresas privadas estrangeiras, que desejam os lucros e nada mais.

Nem mesmo mais essa demonstração da importância do caráter estatal da Petrobras foi suficiente para que o governo freasse o processo de privatização e desintegração da empresa. Além da venda da BR Distribuidora, maior distribuidora de combustíveis do país, concluída nesse ano, a Petrobras colocou à venda oito refinarias, que equivalem a metade da produção de derivados de petróleo do país. Também estão sendo entregues a preço vil plataformas, campos terrestres e em águas rasas, termoelétricas, que caso sejam efetivadas vão significar praticamente a saída da Petrobras do Nordeste, destruindo o alcance nacional da empresa e agravando ainda mais o desemprego.

Já as reservas de petróleo do país, estão ameaçadas pelas petrolíferas estrangeiras, que exigem leilões de blocos de petróleo e, pior, num ritmo que impede a Petrobras de exercer o protagonismo que sempre teve na produção em nosso litoral. Ocorreu a venda de doze blocos no início de outubro e está sendo preparado o leilão da Cessão Onerosa, que é um verdadeiro crime de lesa-pátria, para novembro.

É nesse contexto que os petroleiros estão se preparando para entrar em greve em todo o país, a partir do próximo sábado (26). A categoria está enfrentando uma política de desmonte da Petrobras como empresa integrada e estatal, que passa inevitavelmente pela tentativa de retirada de direitos históricos conquistados pela categoria em décadas de mobilizações.

Nem todo o assédio praticado pela diretoria comandada por Roberto Castello Branco, representante do mercado financeiro colocado por Bolsonaro no comando da empresa, foi capaz de evitar que a ampla maioria da categoria rejeitasse a proposta do TST, que envolvia a perda de direitos, e aprovasse a greve. Foi fundamental, para isso, que a categoria enxergasse que estava em curso a construção da unidade nacional dos 18 sindicatos e das duas federações, que precisa ser mantida até o final dessa batalha.

O povo equatoriano demonstrou uma incrível capacidade de enfrentar o governo Lenín Moreno, que a mando do FMI retirou subsídio dos combustíveis, o que faria com que dobrasse o preço. Com greve geral, marcha das nacionalidades indígenas e mobilizações de estudantes conseguiram derrotar a forte repressão e alcançaram o recuo do governo.

Agora, foi o povo chileno que veio às ruas, numa explosão que começou pelo aumento do preço do metrô de Santiago, que já foi suspenso, mas que escancarou a situação de penúria em que vive a maioria da população, em especial os aposentados que sofrem com o regime de capitalização da Previdência, modelo que Paulo Guedes quer importar para o Brasil.

Que a luta dos nossos irmãos sulamericanos sejam exemplo para os lutadores e lutadoras do Brasil. Por isso, a importância do apoio à greve dos petroleiros, que pode ajudar a criar as condições para a derrubada de Bolsonaro nas ruas.


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