Nova Lei de Terras do Pará favorece a grilagem e o desmatamento


Publicado em: 26 de junho de 2019

Brasil

William Pessoa da Mota, de Belém, PA

Esquerda Online

Esse post foi criado pelo Esquerda Online.

Brasil

William Pessoa da Mota, de Belém, PA

Esquerda Online

Esse post foi criado pelo Esquerda Online.

Compartilhe:

Ouça agora a Notícia:

No dia 11 de junho de 2019, a Assembleia Legislativa do Estado do Pará (ALEPA) aprovou, após tramitação em regime de urgência, o Projeto de Lei nº 129/2019 que estabelece novas regras para a regularização fundiária em terras públicas no Estado do Pará. A lei ainda precisa ser sancionada pelo governador Helder Barbalho (MDB).

A nova lei dará impulso à grilagem e ao desmatamento no segundo maior Estado do Brasil e da Amazônia, pois facilita os critérios para a obtenção do título de terra ao não mais exigir que pessoas físicas presentes em áreas públicas exerçam atividade agrícola, morem de modo permanente no local e não possuam outros imóveis. Esses requisitos foram excluídos da lei, bastando que o ocupante declare a intenção de praticar agricultura na área.

Além disso, a nova lei permite a privatização de florestas públicas, porque até então somente áreas degradadas que fossem ocupadas por posseiro estavam sujeitas à regularização fundiária. Agora, propriedades com grandes áreas de floresta estadual preservada podem ser repassadas a posseiros. Há outros retrocessos contidos no PL 129/2019, como bem analisa a Nota Técnica da ONG IMAZON. Contudo, a consequência mais nefasta da legalização da ocupação irregular de terras públicas será o impulso à prática da grilagem e do desmatamento.

Tendo em vista este bárbaro ataque ao meio-ambiente e às populações do campo, 60 entidades de diferentes organizações e movimentos sociais, no dia 19 de junho, encaminharam um requerimento ao governador do Pará exigindo o veto total à Lei.

É de fundamental importância ampliar a denúncia sobre a nova Lei de Terras do Pará e intensificar as mobilizações e pressões para que esta Lei não seja sancionada. Neste sentido, é fundamental que partidos como o PT e o PCdoB, que fazem parte do governo Hélder Barbalho com cargos e postos de comando, rompam com este governo e fortaleçam a luta dos movimentos sociais do campo e dos sindicatos de trabalhadores rurais contra esta brutal medida.

Hélder Barbalho, assim como Jair Bolsonaro, é representante direto do latifúndio e dos segmentos mais conservadores e reacionários do empresariado rural brasileiro. Não à toa o desmatamento não para de crescer na Amazônia. Só entre agosto de 2018 e maio de 2019, houve um crescimento de 22%, segundo o IMAZON.

Os ruralistas estão eufóricos com o novo governo e seus projetos. O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, pretende utilizar recursos do Fundo Amazônia para indenizar ocupantes de terras da União que foram convertidas em unidades de conservação e terras indígenas. O Senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) quer acabar com a previsão em lei da reserva legal de florestas nas propriedades rurais. O próprio presidente da república não desiste, apesar de sucessivas derrotas no Congresso e no poder judiciário, de transferir a FUNAI do Ministério da Justiça para o ministério da Agricultura com o objetivo de dificultar mais a demarcação e reduzir as áreas das Terras Indígenas para entregá-las ao capital privado.

O bioma amazônico e o clima no planeta correm perigo com Hélder Barbalho e Jair Bolsonaro no poder.


Contribua com a Esquerda Online

Faça a sua contribuição