Trotsky não merece ser comparado com o Rasputin do bolsonarismo
Publicado em: 8 de maio de 2019
Colunistas
Valerio Arcary
Valerio Arcary
Professor titular aposentado do IFSP. Doutor em História pela USP. Militante trotskista desde a Revolução dos Cravos. Autor de diversos livros, entre eles Ninguém disse que seria fácil (2022), pela editora Boitempo.
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Valerio Arcary
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Professor titular aposentado do IFSP. Doutor em História pela USP. Militante trotskista desde a Revolução dos Cravos. Autor de diversos livros, entre eles Ninguém disse que seria fácil (2022), pela editora Boitempo.
Estamos diante de uma avalanche de coisas estranhas acontecendo. Tão estapafúrdias e incríveis que nos deixam estupefatos. A luta entre as diferentes frações dentro do governo de extrema direita liderado por Bolsonaro mudou de tom. Começou a zoação. Um dos líderes da ala militar partiu para a zombaria, mas errou feio. Errou grosseiramente. O general Villas-Bôas fez uma provocação e denunciou que Olavo de Carvalho seria um Trotsky de direita. A repercussão foi grande. Conseguiu disparar a procura no google por Trotsky. Mas comparar o Rasputin do bolsonarismo com o revolucionário internacionalista, mártir da luta contra o capitalismo e o estalinismo, só que de signo invertido, foi injusto com Trotsky. Portanto, paradoxalmente, agigantou Olavo de Carvalho em vez de diminuí-lo. Não, Olavo de Carvalho não tem, nem remotamente, a estatura de Leon Trotsky.
Independentemente da opinião que se possa ter sobre suas posições, Leon Trotsky é reconhecido, amplamente, muito além das fileiras dos militantes que lutam pela Quarta Internacional, e mesmo da esquerda em geral.
Foi um dos maiores líderes da revolução russa, um teórico criativo de mente irrequieta, um orador de imensa potência, um escritor brilhante com estilo elegante, e um líder abnegado com irrefutável grandeza de caráter. Dizem os testemunhos dos contemporâneos que tinha uma personalidade firme, porém, agregadora, um temperamento enérgico, porém, equilibrado, uma atitude intensa e altiva, porém, amigável.
Trotsky foi um revolucionário gentil, um homem com gigantesca força e grandeza moral que lutou em tempos terríveis, e teve que tomar decisões terríveis.
Não era infalível. Ninguém é infalível. Mas se elevou acima da imensa maioria dos marxistas de sua geração. Enquanto existirem homens e mulheres engajados na luta contra o capitalismo, Trotsky estará presente entre nós, e sua memória será honrada.
O que define as intervenções de Olavo de Carvalho é o primarismo brutal que substitui, sistematicamente, argumentos por insultos.
O extremismo delirante da defesa da contrarrevolução permanente não faz de Olavo de Carvalho o contrário de Trotsky. O líder intelectual da corrente neofascista merece ser comparado com Rasputin.
Um maluco messiânico.
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