Unir as lutas contra as privatizações e a ameaça de intervenção


Publicado em: 29 de maio de 2018

Brasil

Por Liliane Cirino Vieira, de Uberlândia, MG

Esquerda Online

Esse post foi criado pelo Esquerda Online.

Brasil

Por Liliane Cirino Vieira, de Uberlândia, MG

Esquerda Online

Esse post foi criado pelo Esquerda Online.

Compartilhe:

Ouça agora a Notícia:

Nos últimos dias, vimos a grande greve dos caminhoneiros, que não suportam mais os aumentos dos combustíveis. É imensamente importante que a gente reflita, em primeiro lugar, que a ausência da esquerda nesse setor permitiu que a categoria fosse sequestrada pela direita que teve grande atuação no golpe da presidente Dilma Rousseff. Entretanto, não adianta apenas ficar chorando as mágoas e culpando a categoria. É preciso saber agir. A esquerda não pode deixar uma categoria tão estratégica nas mãos da direita.

A CUT simplesmente decretou essa categoria como inimiga. Contudo, é preciso refletir melhor sobre esse risco. Ao invés disso, está passando da hora de pensar numa forma de fazermos trabalho de base e sindical nessa categoria. Se ela fosse tão difícil de organizar, como conseguiram através da CNTA? Eles pararam o país praticamente inteiro. Percebemos, com isso, que juntando aos demais setores daria para fazermos uma greve geral com as nossas pautas.

A questão é como agir diante do sequestro da categoria pelos sindicatos patronais e de direita. A ausência da esquerda abre espaço para que os caminhoneiros pensem que só existe o caminho da intervenção. Juntando isso à guinada da direita, os discursos da intervenção prevalecem entre a população, que começam a ver com simpatia a chegada dos militares que trazem o combustível aos postos de gasolina.

Todavia, não podemos esquecer que, se não fosse a política de privatizações de Michel Temer, Pedro Parente e toda a corja da direita golpista, não estaríamos passando por essa inflação nos combustíveis. É fundamental lembramos também que não podemos culpar a greve pela inflação e falta de alimentos.

Precisamos mostrar que existe outro caminho. O caminho da unidade da classe trabalhadora para derrotar esses ataques do governo.

Não podemos negar que a crise existe e que a inflação está galopante. Não devemos defender o governo de Temer por causa de uma ameaça de golpe. Muito menos implantar o medo, o desespero e a paranoia entre os trabalhadores, como o PT está fazendo, porque isso não resolve nada e imobiliza a classe.

Sabemos, contudo, que não adianta ser inimigo da classe trabalhadora. É preciso pensar numa forma de conscientizá-los sobre a sua situação de classe, e mostrar que os governos da direita reacionária (governos militares) não estão do lado deles, mas, ao contrário, é preciso contar para eles como foi o período da ditadura militar no Brasil.

Precisamos mostrar que, na ditadura, os trabalhadores passavam de fome, os salários eram baixíssimos, a inflação chegava a 240%, os pobres quase não tinham acesso a escolas, faculdades e médicos, e que houve muita corrupção. Porém, os trabalhadores não podiam reclamar, pois corriam o risco de serem demitidos, torturados e até mortos.

Contar a eles que, diferente do que alguns dizem, a ditadura não trouxe segurança, pois muito pelo contrário trouxe a insegurança e o medo. Porém, como o governo não permitia que a mídia mostrasse os podres da ditadura, muitos não ficavam sabendo dos crimes que aconteciam, passando uma falsa imagem de segurança. A ditadura trouxe fome e miséria para os trabalhadores.

Muitos não ouvirão. Mas teremos a consciência de que fizemos algo. Sabemos que a proibição das greves é um ataque contra os nossos direitos. É importante lembrarmos que a ditadura foi derrotada com greves e grandes mobilizações. Portanto, não dá para ficarmos parados vendo o que acontece. Precisamos lutar contra a alta dos preços e a inflação, mostrando que a culpa desse aumento é do governo com suas privatizações, e, por isso, é fundamental unificar as lutas dos petroleiros, metroviários e eletricitários e politizar a discussão entre os caminhoneiros.

Foto: Roberto Parizotti


Compartilhe:

Contribua com a Esquerda Online

Faça a sua contribuição