Jacó Almeida: ‘Muitas pessoas só vão receber correspondência uma vez por semana’


Publicado em: 10 de maio de 2018

Brasil

Ademar Lourenço, de Brasília (DF)

Esquerda Online

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Jacó AlmeidaO governo anunciou a intenção de fechar mais de 500 agências e demitir milhares de funcionários em todo o País. Em entrevista para o Esquerda Online, Jacó Almeida, carteiro há 32 anos e diretor suplente da Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios (Fentect), fala da piora no serviço de entregas, medida que visa facilitar a privatização.

Esquerda Online – Em 2008, a revista Forbes dizia que os Correios era a melhor empresa do ramo no mundo. Hoje ela enfrenta vários problemas. Porque isso aconteceu?

Jacó Almeida – O governo Temer está acabando com um patrimônio construído com o suor dos trabalhadores concursados. Isso foi feito com outras empresas públicas. Primeiro o próprio governo sucateia a empresa, depois vende ela bem barato para grandes multinacionais.
Neste mês, a direção dos Correios anunciou o fechamento de mais de 500 agências e a demissão de mais de 5.300 funcionários. Também está nos planos que as entregas deixem de ser diárias e passem a ser feitas em dias alternados. Em algumas cidades, as pessoas só vão receber correspondência uma vez por semana. Além de atrasar as entregas, a medida pode deixar mais de 15 mil carteiros desempregados.

Além disso, a empresa acabou com o cargo de Operador de Triagem, colocando mais 14 mil trabalhadores em risco de demissão. Nos últimos sete anos quase 20 mil trabalhadores foram mandados embora.

Já faz tempo que a empresa está sendo preparada para a privatização. A Medida Provisória 532 transformou os Correios em Sociedade Anônima e abriu a possibilidade de criação de subsidiárias e parcerias com outras empresas. E o fundo de pensão e o plano de saúde dos funcionários foram mudados.

EOL – Quais são os interesses por trás dessas medidas?

Jacó Almeida – Com certeza não é o interesse do povo. O serviço dos Correios chega até aos municípios mais distantes do país, coisa que não é do interesse de uma empresa que visa só o lucro.
O chamado monopólio dos Correios é feito apenas em serviços de cartas e telégrafos. Para a maioria das entregas, existe a concorrência com outras empresas. E mesmo assim os serviços dos Correios sempre lideraram o mercado.

Não podemos entregar um patrimônio público construído por décadas para as empresas privadas. O presidente golpista Michel Temer e seu ministro Gilberto Kassab estão agindo para acabar com milhares de empregos e favorecer os grupos internacionais que querem comprar os Correios.

Se isso acontecer, o serviço pode ficar mais caro e mais agências podem ser fechadas. Bairros inteiros podem ficar sem receber encomendas. Temos que lutar contra isto. O que prejudica os Correios é a ingerência política do governo. Quem tem que controlar a empresa são os funcionários de carreira e a população. Privatização não!

 


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